sexta-feira, 15 de abril de 2011

154 anos da Doutrina Espírita - Parte 2

No Brasil, a Doutrina Espírita encontrou terreno favorável ao seu desenvolvimento, pois, o caráter religioso do povo brasileiro facilitou seu acolhimento.


Quando falamos do caráter religioso, nos referimos a todas as manifestações religiosas do povo brasileiro, seja da religião predominante à época, ou seja, o catolicismo, mas, também, do africanismo, dos índios, etc...

Este acolhimento, apesar de ser contrário aos interesses de algumas religiões institucionalizadas, fornecia, aos seus adeptos, uma certa capacidade de raciocinar sobre “as coisas do espírito” e, consequentemente, promovendo a quebra de certos “grilhões” que escravizavam as mentes de adeptos de religiões que ditavam normas comportamentais anacrônicas.

A doutrina foi estudada e divulgada com entusiasmo nos principais centros urbanos brasileiros; foi acolhida pelos mais intelectualizados; a maioria dos “espíritos desencarnados”, “convidados” para a divulgação da Doutrina, através de “grandes médiuns”, eram ex-religiosos, que emprestavam à Doutrina recém chegada uma aparência religiosa que não destoava de forma brusca da crença religiosa vigente e predominante; fornecendo, através destes médiuns, exemplos de vida e abnegação em prol dos menos “favorecidos da sociedade”.

Com isto, o Espiritismo, adquiriu respeitabilidade junto à sociedade, apesar de que, para haver uma reunião, fosse necessária autorização da Polícia.

Mas, isto era previsível, pois, Kardec também enfrentou estes problema na França; para se ter uma idéia, na Espanha, em 1869, houve o último “auto da Inquisição” com a queima em praça pública, na cidade de Barcelona, de 300 volumes espíritas.

O que interessa é que a Doutrina “sobreviveu” e não precisou migrar para outro continente, como migrou da Europa para a América do Sul.


O que mais me intriga....ou quem sabe....o que quero provocar (como intriga e fazer pensar) é: porque a Doutrina Espírita saiu da França, um país que concentrava a intelectualidade mundial e migrou para o Brasil, uma ex-colônia portuguesa sem expressão e sem influência?


Seja lá o que for, ela, graças aos esforços de inúmeros estudiosos e divulgadores, famosos ou anônimos, permaneceu, mesmo que encoberta com este véu de aspecto religioso, que aos poucos vem sendo retirado pelos que procuram “o caminho, a verdade e a vida”.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

154 anos da Doutrina Espírita - Parte 1

Olá, pessoal!

Neste mês, mais precisamente no dia 18, a Doutrina Espírita completa 154 anos de existência.

Pois é....E pensar que, apesar de seus adeptos acharem que o Brasil é o “Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, estamos muito distante de recordar os esforços de um senhor chamado Denizard Hippolyt Leon Rivail, ou como querem outros, Hippolyt Leon Denizard Rivail, mas, para todos, Allan Kardec.

Em 18 de abril de 1857 veio a público o resultado dos estudos desenvolvidos por Allan Kardec, oriundos de observações sistemáticas e criteriosas de um “mundo” que, apesar de bem próximo, deixamos passar despercebido, o mundo espiritual, este universo interpenetrado em nosso universo dito “concreto ou real”.

Kardec, cuja religião era a Protestante, estudava profundamente o magnetismo, quando em maio de 1855 foi convidado por seu colega de estudos, Sr. Fortier, para assistir a uma sessão de “mesas girantes” na casa de Madame Plainemaison, oportunidade em que, possuidor de um espírito científico e criterioso, respondeu ao mesmo: “Eu só acreditaria, quando ver e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa se tornar sonâmbula. Até lá, permita-me dizer que só vejo nisto uma história para fazer dormir.”

Com este espírito criterioso e científico, iniciou seus estudos, procurando o lado inteligente dos fenômenos das “mesas girantes”; desta forma, encontrou o “espírito”, “este ser” desacreditado por todos, inclusive pela ciência (digo, alguns que se dizem cientistas) e pelas religiões.

Vemos, com o desenvolver dos estudos e publicação dos resultados consubstanciados no “Livro dos Espíritos”, inúmeros pensadores adentrarem laboratórios adequados à observação dos “fenômenos espirituais”, no intuito de negar a realidade dos mesmos e, “dando de cara” com os fenômenos, saírem divulgando seus resultados, comprovando a verdade que “não queria calar” (rsrsrs...não queria calar....lembra até os jargões de programas policiais) desde Hisdesville.

Críticos como Cesare Lombroso, William Crookes, Russel Wallace , Gabriel Delane, Leon Denis, Ernesto Bozzano e muitos outros que, não quiseram negar Kardec de forma leviana, preferindo provar sua negação. Na realidade Kardec não “inventou” e nem “criou” nada de novo, apenas reuniu de forma sistemática os mais relevantes princípios espirituais encontrados e comprovados pelas suas observações e pesquisas, tais como Lei da Reencarnação, Lei da Mediunidade, Lei de Causa e Efeito; leis que comprovam a Existência do Ser e, efetuando um estudo sistemático de forma horizontal entre estes princípios, “codificou” em um corpo filosófico/doutrinário, cuja observação, proporciona, inexoravelmente, conseqüências morais para as relações humanas, o Espiritismo.

O conteúdo do Livro dos Espíritos provocou impacto muito grande na “nata da intelectualidade”, que, à época, se concentrava na França e, Kardec, juntamente com o movimento criado, foi muito perseguido pelos setores da ciência e, por incrível que pareça, até pelos religiosos.

Após alguns anos da publicação do Livro dos Espíritos, a Doutrina chega ao Brasil, mais precisamente em Salvador (Bahia), em 17 de setembro de 1865, através do jornalista Luiz Olímpio Teles de Menezes que, fundando a primeira agremiação espírita no Brasil, denominada Grêmio Familiar do Espiritismo, inicia o Movimento Espírita em terras tupiniquins, criando, para a divulgação das “bases espíritas”, o jornal “O Echo d’Além Túmulo”, que há alguns anos foi adquirido e “ressuscitado” por um dos mais ardorosos pesquisadores, historiadores e divulgadores da Doutrina Espírita no Brasil, o Advogado, Jornalista, fundador e dirigente do Teatro Espírita Leopoldo Machado, Carlos Bernardo Loureiro (desencarnado em 10 de agosto de 2006).

No Brasil, a Doutrina Espírita foi divulgada de forma verdadeira e sistemática por vários pensadores, tais como José Herculano Pires, Deolindo Amorim, Caibar Schutel e muitos outros que dedicaram grande parte de suas vidas na divulgação da Doutrina Espírita.

Mais recentemente, temos como grandes divulgadores, Chico Xavier e Divaldo Franco, grandes expoentes do Movimento Espírita Brasileiro, acrescentando, como não poderia deixar de ser, a grande contribuição de Carlos Bernardo Loureiro que, pesquisando os fenômenos, estudando os fundamentos e a história da Doutrina Espírita, deu novo direcionamento ao Movimento Espírita Brasileiro, com suas críticas sempre contundentes e fundamentadas no verdadeiro “espírito” do Espiritismo.


Assim, com esta primeira parte da postagem, segue minha homenagem a, inicialmente, Kardec e, depois, aos grandes divulgadores da VERDADEIRA Doutrina Espírita.