sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O escândalo é necessário l - O início

Alguém disse há muito tempo atrás: “O escândalo é necessário....”.
Verdade, verdadeira, pois, é necessário que ocorram escândalos para a evolução das idéias, para surgimento de novos paradigmas, pois se assim não for “tudo continua como dantes no quartel de Abrantes”.
A história é repleta de exemplos de personagens que “se arriscaram” em provocar escândalos e, como consequência, provocaram mudanças, muitas vezes necessárias para a quebra de preconceitos.

Isto....este é o ponto...”p r e c o n c e i t o”.

O preconceito fica enraizado em nossa personalidade e se estende por todos os setores da sociedade, inclusive nas religiões.
Religiões cristalizadas em paradigmas envelhecidos e anacrônicos, pois, foram criados em épocas remotas e não se coadunam com o nível de desenvolvimento da sociedade moderna.

O caráter progressista do Espiritismo fica consubstanciado em “A Gênese”, quando Kardec, no item 55, diz:
“Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação.......
O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação.......... o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.

Isto foi esquecido por alguns líderes espíritas de outrora, que, devido ao preconceito e à coloração erudita do início do “Movimento Espírita Brasileiro”, não aceitou a “prata da casa” como força de trabalho.
Obs.: É importante esclarecer que “movimento espírita” é diferente de “Doutrina Espírita”.
Pois é...digo “prata da casa” em relação aos espíritos, que "viveram" no Brasil, que “aprenderam a viver”, sofrendo os aguilhões da humilhação dos pelourinho, dos trabalhos forçados, das perseguições, enfim de todo um conjunto de preconceitos próprios daquela época. Mais claramente, me refiro aos escravos e índios que viveram no Brasil colônia.

O negro e o índio, com suas culturas, suas medicinas e suas religiões de metafísica e linguagem simples e simbólica, se relacionavam claramente com os “espíritos”; e estes se imiscuíam nas atividades cotidianas do grupo.

Estes espíritos, entusiasmados com a possibilidade de prestar serviços de esclarecimentos e de ajuda nas casas espíritas do início do século 20, não foram aceitos nas reuniões mediúnicas espíritas e, devido à linguagem arrastada, manipulação de energias dos elementos materiais, eram rotulados de “espíritos atrasados” pelos dirigentes daquela época, que, só aceitavam “espíritos evoluídos” de ex-padres, ex-freiras, ex-isto e ex-aquilo, principalmente quando suas encarnações anteriores foram na Europa (no popular: “espíritos gringos” - é de fazer rir, mesmo), ou seja, espíritos que nunca foram espíritas, quando encarnados e que se encontravam na mesma posição perante a compreensão da mensagem cristã universal - "CARIDADE".

Até que, em 15 de novembro de 1908, numa “seção mediúnica” para tratamento de um certo jovem, de nome Zélio Fernandino de Moraes, um espírito, caracterizado como “preto velho”, se manifestou e perguntou aos dirigentes da reunião porque não era permitido se manifestarem, na reunião, espíritos de índios e escravos e porque eles eram considerados atrasados?

Ocorreu o seguinte diálogo:
- Dirigente pergunta:
“Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos, que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?”
- Espírito responde:
Se julgam atrasados os espíritos de pretos e de índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados.”
- Dirigente pergunta, com ironia:
“Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?”
- Espírito responde:
Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei”

Para não ficar muito extenso (rsrsrsrs, pois já está), postarei o resultado da trilogia “escândalo” na próxima postagem.

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